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Médias, desvios e os eventos raros.

Médias, desvios e os eventos raros. O que podemos usar para tornar o sistema mais antifrágil?

Análise de tendências de lead time do sistema.

Não estaremos aqui discutindo a importância de se medir o lead time do sistema e o Throughput (vazão). Já avaliamos isto em tópicos anteriores.

O que vamos tratar aqui é sobre tendências. De como o sistema está se comportando.

Algumas formas bem práticas podem ser aplicadas sem muito esforço. Obviamente, precisamos ter os dados. Uma vez que temos os registros dos dados de lead time e Throughput, podemos fazer a nossa análise.

Vamos começar pelo lead time. Olhando para este gráfico a seguir podemos ver o comportamento do lead time ao longo do período de 3 meses.

eventos_raros_01

Em 85% das vezes o lead time ficou em até 21 dias. Olhando somente o percentil 85% do lead time já podemos ter uma primeira visão de previsibilidade. Podemos afirmar com 85% de certeza, que algo que começar hoje será finalizado em até 21 dias.

Porém, temos itens que ficaram acima dos 2 desvios médios. Mas porque vamos usar desvio médio ao invés do tão comum desvio padrão?  E o que é o desvio médio?

Desvio médio à A cada novo dado você precisa refazer os cálculos da média e desvio, fazendo com que a informação sobre variação seja mais precisa, mas próxima da realidade. No mundo gaussiano, O desvio padrão é cerca de 1,25 vez maior que o Desvio Médio. Mas com a volatilidade estocástica em que o desvio padrão costuma ser até 1,6 vezes a desvio médio

Desvio Padrão à Assume uma distribuição normal. Dados vão variar de forma normal (padronizada, proporcional). Não leva em consideração novos dados que podem impactar nos cálculos. Traça uma linha constante para média e desvio, de forma proporcional.

O desvio padrão não é aplicável em geral em todas as análises de séries temporais. O motivo é muito simples. Quando você tem dados que devem ser distribuídos como uma distribuição normal (ou seja, curva de sino), a fórmula de desvio padrão fornece algo significativo. No momento em que você não pode ter certeza se existe uma distribuição normal, ainda assim você ainda está usando o desvio padrão para estimar o comportamento do conjunto de dados, está abusando da fórmula e fazendo inferência incorreta sobre os dados.

Como a maioria das amostras de lead time demonstram comportamento não normalizado, com cauda muito gorda, o uso de desvio padrão em qualquer análise é inadequado. Infelizmente, observamos esse uso em várias análises de lead time em todos os lugares.

N.N. Taleb, autor dos best sellers “A Lógica do Cisne Negro” e “Antifrágil”, sugere em seus estudos que o Desvio Médio Absoluto (DMA) é uma melhor medida do comportamento da distribuição. Em seu artigo[1], o Sr. Taleb já forneceu evidências convincentes de que o Desvio Médio Absoluto é superior ao Desvio Padrão para todos os dados da vida real. Não vou repetir o que ele diz no artigo. É uma boa ideia, pelo menos, navegar pelo artigo dele quando tiver a chance.

Na minha experiência, o desvio padrão costuma reagir incorretamente, enquanto o desvio médio não sofre o mesmo problema. Em outras palavras, se você optar por usar o desvio padrão como sua medida de volatilidade, frequentemente encontrará sinais positivos falsos devido ao aumento repentino nas leituras de desvio padrão. Se você substituir o desvio padrão pelo desvio médio, o problema provavelmente desaparecerá, oferecendo melhores resultados no geral.

Diante desta explanação, vamos olhar para o gráfico de lead time, agora com as linhas do desvio médio

eventos_raros_02

Considerando dois desvios padrão em relação à média, somente uma ocorrência de lead time estará acima da linha. Isto pode nos levar a uma falsa avaliação de que o processo está com somente uma ocorrência, digamos, “fora da curva”.

Quando analisamos, porém, a partir dos desvios médios, percebemos que pelo menos três pontos estão acima da linha. 300% de aumento na ocorrência de pontos “fora da curva” . Seriam pontos que não estávamos considerando numa eventual análise para melhoria do processo ou análise de riscos, ou seja, na sua Risk Review ou Service Delivery Review. E que podem nos levar a falhas na tomada de decisão e, num futuro, que não podemos precisar quando, levar à ocorrência de eventos raros, mas com grande impacto para o negócio.

Portanto, daqui em diante procure trabalhar as suas análises de lead time utilizando desvios médios e não mais o desvio padrão

Fonte: https://www.edge.org/response-detail/25401

[1] https://twitter.com/nntaleb/status/1134012746046025729?s=09

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